Guerra no PCC: morte de ex-mulher de Marcola gera conflito na facção paulista

Conheça o plano de vingança arquitetado por Marcola aos mandantes e executores do assassinato de sua ex-companheira e terminou em série de mortes

PCC mata integrantes

A notícia da morte da advogada Ana Maria Olivatto, de 45 anos, gerou uma guerra sangrenta entre os integrantes do Primeiro Comando da Capital, facção que atua no tráfico de drogas no estado de São Paulo. Isso porque Ana era ex-mulher de Marco Willians Herbas Camacho, 53, o Marcola, que posteriormente seria descoberto como líder da maior organização criminosa paulista.

Conforme revelou Josmar Jozino em sua coluna no Uol, a defensora foi morta com um tiro na nuca, dentro de seu carro, em 23 de outubro de 2002, momentos antes de se deslocar ao presídio CRP (Centro de Readaptação Penitenciária), em Presidente Bernardes, interior paulista. Ana e Marcola haviam se casado na Penitenciária de Araraquara no início dos anos 90 e se separaram anos depois, mas continuavam muito próximos.

A vingança

O líder absoluto do PCC ficou irado com a morte da ex-companheira e os boatos de que um plano de vingança contra os mandantes do crime e seus executores se espalhou como fogo no palheiro pelos presídios onde membros da facção têm presença. O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil de São Paulo, decidiu acompanhar o caso.

Sob o comando de Marcola, membros do PCC nas ruas levantaram a suspeita de que uma mulher teria fortes motivos para matar Ana. Esta mulher era Netinha, companheira de um dos dois únicos fundadores do PCC (junto com Geleião) ainda vivos: César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, então preso. A Polícia Civil também chegou à conclusão de que Netinha seria o principal nome entre os suspeitos.

A vingança começou pelo executor do crime: Lauro Gomes Gabriel, 40, o Ceará, irmão de Netinha. No dia 4 de novembro de 2002 ele foi morto a tiros no Brás, região central de São Paulo. Em 31 de outubro daquele ano, foi a vez da irmã de Netinha pagar o preço. Carolina ou Lili Carabina, de 25 anos, também foi morta a tiros na zona norte de São Paulo, bairro do Mandaqui.

Geleião e Cesinha, fundadores da facção que seriam visitados pela ex-esposa de Marcona no dia em que ela foi assassinada, souberam das mortes e, junto com seus aliados, temeram por suas vidas no presídio. Enquanto isso, Netinha era caçada pelas ruas de São Paulo por membros do PCC.

Com medo de morrer na prisão, Geleião pediu que a polícia concedesse algum tipo de "seguro" a ele e, em troca, ele delataria os segredos da maior organização criminosa do Brasil. Trato feito, o então líder foi desligado da fação e começou a revelar os planos dos colegas aos policiais.

Em uma carta de seis páginas ele entregou outros líderes do bando e trouxe à tona vários planos de atentados da organização contra postos policiais, delegacias, fóruns e outras entidades públicas. No documento ele também revelou que foi mesmo Netinha quem mandou matar a ex-companheira de Marcola e que de fato foi Ceará, irmão dela, o autor do crime.

Foi com a destituição de Geleião e Cesinha da liderança do PCC que Marcola assumiu a liderança absoluta do grupo, de acordo com o Deic. Cesinha foi morto, anos depois, durante uma visita de Netinha à prisão, quando sofreu de outros presos, golpes de pau e estiletes na cabeça, em 13 de agosto de 2016. O paradeiro de Netinha é ignorado pela polícia desde então.

Já Geleião morreu de Covid-19 no Hospital Penitenciário, na zona norte de São Paulo, em 10 de maio deste ano. Marcola segue sendo considerado, até hoje, o líder máximo do PCC, segundo o Ministério Público de São Paulo.

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