O governador do Estado disse que não usará da diplomacia brasileira para aceitar os recursos disponibilizados pelo País vizinho
Apesar de Jair Bolsonaro (PL) ter afirmado nesta quinta-feira (30) que a Bahia não necessitava de ajuda da Argentina, o governador do Estado, Rui Costa, demonstra ter posicionamento contrário e disse, horas depois da fala do presidente, que aceitará os recursos que o País vizinho puder disponibilizar.
Além disso, Costa afirmou que não pretende submeter o processo de aceite de recursos à diplomacia brasileira.
"A Argentina ofereceu ajuda humanitária às cidades afetadas pelas chuvas na Bahia, apesar da negativa do Governo Federal. Me dirijo a todos os países do mundo: a #Bahia aceitará diretamente, sem precisar passar pela diplomacia brasileira, qualquer tipo de ajuda neste momento", afirmou o governador.
"Os baianos e brasileiros que moram aqui no estado precisam de todo tipo de ajuda. Estamos trabalhando muito, incansavelmente, para reconstruir as cidades e as casas destruídas, mas a soma de esforços acelera este processo, portanto é muito bem-vinda qualquer ajuda neste momento", adicionou Costa.
O processo de obtenção do auxílio por parte dos argentinos ainda não foi definido. Uma reunião entre o governador e assessores deve ser realizada ainda nesta quinta para definir o processo. O texto conta com informações do g1.
O apoio oferecido pela Argentina foi recusado pelo Ministério das Relações Exteriores, segundo o governo da Bahia. Foi sugerido o envio de dez profissionais especializados, vindos da Argentina, nas áreas de água, saneamento, logística e apoio psicossocial. Contudo, o Itamaraty negou autorização para a missão internacional.
No documento enviado pelo Ministério à Argentina dispensando o apoio há a informação de que o governo brasileiro já dispõe de recursos pessoal e financeiro suficientes, com reserva de R$ 200 milhões para enfrentar a crise, de acordo com informações do site g1.
Ao comentar a decisão da pasta, Bolsonaro disse: "Em contato com o Itamaraty, a Chancelaria Argentina ofereceu assistência de 10 homens ("capacetes brancos") para trabalho de almoxarife e seleção de doações, montagem de barracas e assistência psicossocial à população afetada pelas enchentes na Bahia."
Endossando o tom de auto-suficiência quanto aos recursos nacionais, o presidente complementou: "O fraterno oferecimento argentino, porém muito caro para o Brasil, ocorre quando as Forças Armadas, em coordenação com a Defesa Civil, já estavam prestando aquele tipo de assistência à população afetada, inclusive com o apoio de 3 helicópteros da Marinha e Exército."
No entanto, o candidato à permanência no cargo em 2022 pelo PL se demonstrou aberto ao citar a ajuda que o País recebeu do Japão.
Ontem [quarta, 29], o Itamaraty aceitou doações da Agência de Cooperação do Japão (JICA): são barracas de acampamento, colchonetes, cobertores, lonas plásticas, galões plásticos e purificadores de água, que chegarão à Bahia por via aérea e/ou serão adquiridos no mercado brasileiro
Após fortes chuvas que atingiram o Estado nos últimos dias, a Bahia tem, nesta quinta-feira (30) 136 cidades em situação de emergência, 629 mil pessoas afetadas pelas chuvas e 91.258 desabrigadas ou desalojadas.